AMOR À VIDA
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CHICOLÉ
de Floriano ( grande craque e piolho de bola ) era quem dizia prá gente
- “Vocês sabem muito bem como fui criado, o meu pai foi muito rígido na
criação dos filhos; lá em casa, tinha dia, que quando ele estava
zangado, o único amigo que entrava lá e conseguia sair comigo pra jogar
era Nego Chico Kangury ( foto ).
Mamãe gostava muito dele e o seu
pai, seu Vicente Kangury era um dos amigos confidencial do meu pai, e o
outro era o senhor Antonio Segundo, grande enfermeiro, que ajudava até a
operar gente no Hospital. Pois bem, aconteceu de ter um jogo importante
em Jerumenha.O papai em casa estava zangado, eu teria que ir escondido e
voltar no mesmo dia. O Deoclecinho possuía uma caminhoneta e sempre era
o encarregado de ir buscar-me e deixar em Floriano, quando acontecia
este impedimento.
Distancia de Jerumenha para Floriano, 10 léguas
e meia ( 67 km ). O Jogo naquela época começava às três e meia da
tarde, porque era para terminar ainda com a claridade do dia.
A
estrada era piçarrada e Deoclecinho gostava de pisar no acelerador, que
se a gente olhasse pro lado via as arvores curvadas. Saímos de Floriano
depois do almoço, só a mamãe sabia disso. Ao terminar o jogo, o
Deoclecinho foi apanhar-me no campo e já chegou com o seu Zé Leonias de
carona pra Floriano.
Ao sairmos de
Jerumenha, uma senhora grávida, com dores de parto, pediu carona também,
mas como a caminhoneta era de cabine simples, educadamente desci e dei o
meu lugar para a senhora, mas o seu Zé Leonias disse, com toda a calma
do mundo - “não, meu filho, não se preocupe, você está cansado, que eu
vou na carroceria, pode deixar”.
Eu ainda
ponderei, mas ele não aceitou e subiu na carroceria da caminhoneta. E o
nosso amigo Deoclecinho saiu rasgando, só fiz o sinal da cruz e pronto.
O que se ouvia era só o gemido da mulher e a preocupação do motorista
para que ela não parisse na beira da estrada.
Quando
estávamos passando no Papa – Pombo, já próximo de Floriano, o seu Zé
Leonias de repente bateu na cabine pedindo parada. O Deoclecinho parou o
veículo e perguntou o que foi, ele desceu e, calmamente, disse: "meu
filho, o meu chapéu caiu lá atrás e eu vou voltar para procurar, pois é
muito familiar, não se preocupe comigo, podem ir embora com a mulher,
que chego em Floriano. Ai entramos num acordo, eu ficava com o seu Zé
Leonias e Deoclecinho ia levar a mulher no hospital e voltava pra buscar
a gente.
Quando ele saiu na camioneta, o
seu Leonias disse pra mim: "meu filho, eu tenho amor à minha vida, o
chapéu não caiu, não, eu mesmo joguei fora para ele poder parar e eu
descer; olhe, meu filho, Deus me livre de andar mais com um homem
desses.
Pegamos o chapéu e uma carona em
um caminhão e, antes de chegarmos em Floriano, cruzamos com Deoclecinho,
que já ia retornando para Jerumenha.
O senhor José Leonias era
muito tranqüilo, gente boa, esposo da dona Joana, pai do Tadeu, Neno,
Maria José, Budim, Daniel, Mario e muitos outros. Amigo do senhor
Vicente Kangury, Antonio Sobrinho, Antonio Segundo, Chico Amorim e do
meu pai Lourival Xavier.
Moral da resenha: cheguei em Floriano ainda com o tempo de justificar a demora.
Fonte: Cesar Sobrinho
2 comentários:
Eu convivi na época com todas essas personalidades, e me lembro que o Sr. Lourival gostava muito da Sandra , minha irmã e só deixava as suas filhas saírem acompanhada desta.
Bela e engraçada essa estoria. Valeu!
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